Maurício Rigodanzo Mocha
Alexandre de Matos Soeiro
Leonardo Jorge Cordeiro de Paula
Múcio Tavares de Oliveira Jr.
Existem inúmeras dúvidas a respeito do uso de troponinas ultrassensíveis (Tropo-US). Ao mesmo tempo que melhoram a detecção e infarto, quando solicitadas sem indicação precisa podem trazer malefícios, expondo o paciente à terapias mal indicadas ou procedimentos desnecessários. O próprio FDA não aprova até o momento seu uso.
Trabalho recentemente publicado avaliou de maneira retrospectiva o banco de dados sueco com aproximadamente 40.000 pacientes comparando períodos pré e pós uso de Tropo-US e tentou levantar algumas questões: Se houve aumento da detecção de infarto; Se houve aumento do uso de terapias e procedimentos; e se houve diferença na mortalidade em 1 ano.
Os grupos foram semelhantes em quase todas as características e aproximadamente 30% dos pacientes já tinha infarto prévio e/ou cirurgia de revascularização miocárdica. Observou-se aumento da detecção de infarto em mais de 5%. Além disso, o número cateterismos realizados em pacientes com síndrome coronária aguda aumentou de 69,1% para 72,2% (p < 0,001) com aumento de angioplastias (44,6% x 54,1%, p < 0,001). No entanto, houve redução do número de pacientes que realizaram cateterismo em paciente sem diagnóstico de síndrome coronária aguda (37,1% x 29,3%, p < 0,001). Por último, no seguimento de 1 ano, em pacientes com diagnóstico de síndrome coronária aguda, a Tropo-US foi melhor preditora de mortalidade comparativamente à troponina convencional.
Segundo os autores, a Tropo-US permitiu melhor manejo clínico e tratamento do paciente com síndrome coronariana aguda, separou pacientes mais graves admitidos sem aumento inapropriado do uso de recursos hospitalares e propiciou maior número de pacientes diagnosticados capazes de se beneficiar de terapias cardiovasculares especificas.
Lembramos que trata-se de estudo retrospectivo e que foi moldado em um protocolo de interpretação da Tropo-US bem estruturado. No entanto, reflete um dos primeiros momentos em que a Tropo-US parece alterar o prognóstico do paciente favoravelmente.
Referência: Eggers KM, et al. European Heart Journal (2016) 37, 2417–2424.